Terça-feira, 02 de junho, 07:00, Rio de Mouro
Querido Diário,
Esta década entrou nas nossas vidas com um pé esquerdo enorme e duvidoso.
Ainda me lembro da primeira vez que o COVID-19 se estreou na televisão portuguesa: todos pensámos que este novo coronavírus estivesse de passagem… muito pelo contrário, ele veio para ficar e impor-se e, enquanto ele não acabar a sua estadia neste hotel a que chamamos Terra, todo o mundo está “feito ao bife”. Este sádico, maquiavélico e habilidoso vírus deu o último suspiro a tantas crianças, adultos e idosos sem qualquer piedade ou misericórdia, deixando os sobreviventes num descomunal desespero.
Há 89 dias vivemos presos nesta normalidade fora do normal a que chamamos viver em “isolamento social”, o que eu acho fascinante! Alguns dos museus mais conhecidos, devido à situação que estamos a viver, decidiram expor as suas galerias e devo dizer que estou bastante intrigada, pois é tudo gratuito e não preciso de sair do meu sofá para ver as obras mais marcantes na história da arte.
O isolamento social é uma experiência muito interessante, tira-nos da nossa zona de conforto, deixando-nos mais alerta e cautelosos. O termos de viver “fechados” em casa, obriga-nos a viver com o nosso reflexo, obriga-nos a respeitarmo-nos, a conhecermo-nos e questionarmo-nos. Estes tempos obscuros confrontam-nos todos os dias com milhares de mortes, em todo o mundo, e acho que é importante não perdermos a esperança e vivermos os bons momentos que esta época mórbida nos possa trazer, tomando conta de nós e dos nossos, não tomando a vida como garantida, pois não sabemos quando será o nosso último dia, o nosso último sorriso.
A vida é bela, preciosa e frágil, diz o COVID-19, todos os dias.
Beijinhos doces,
Ana Beatriz S.
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