Segundo os relatórios anuais da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco (CNPCJR) as situações de abandono têm aumentado todos os anos desde 2010, coincidindo com o aumento exponencial das dificuldades que os pais atravessam e os levam em muitos casos a procurar a emigração.
Segundo informação divulgada hoje pelo Jornal Público, em 2014, foram sinalizadas 1456 situações por abandono de menores no concelho de Sintra.
Um rapaz de 16 anos ficou a viver sozinho num quarto alugado no Cacém. Os pais não voltaram a mandar-lhe recursos, pelo que foi ele mesmo que solicitou ajuda à Comissão. Este foi um dos 11 casos de decisões de retirada de urgência sem consentimento da família, em 2015. Outras situações há que não são de abandono mas de negligência: as crianças ficam entregues a si próprias e/ou a outros menores durante períodos muito prolongados, por vezes até de noite, devido ao trabalho dos pais.
“Em Sintra Ocidental, aquilo que mais aumentou foi a exposição das crianças a violência doméstica entre os pais — os casos quase duplicaram, ao passarem de 87 para 160 — e as situações de negligência, que mantiveram uma forte expressão nas duas comissões e passaram de 196 para 378 processos só em Sintra Ocidental” lê-se no Jornal Público.
Os relatórios de 2015 das CPCJ de Sintra Oriental e Sintra Ocidental são apresentados na tarde desta sexta-feira no Palácio Valenças.
Cabe cada vez mais à escola a denúncia destas situações, quando devidamente comprovadas. Mas, mais ainda, cabe a todos nós a responsabilidade de encontrar soluções, mesmo que provisórias, para atenuar nestas crianças e jovens os efeitos de uma maturidade precoce.
Recorde-se que o nosso Agrupamento dispõe de uma Equipa de Ação Social e de um Serviço de Psicologia e de Orientação que funcionam no Pavilhão C, salas C1 e C2 da Escola Básica Padre Alberto Neto e em espaços devidamente identificados nas restantes escolas do Agrupamento. Uma articulação concertada com estes serviços pode ajudar a prevenir algumas situações mais dramáticas.